O cristão é alguém que recebeu vida espiritual e ouviu a voz de Deus. O convite após a regeneração é para deixar de lado a velha maneira de viver. A salvação é uma união espiritual com Jesus Cristo na Sua morte e ressurreição. Pela fé, na morte de Jesus também morre o “velho homem” e na ressurreição de Jesus, também nasce o “novo homem”.

Mas o “novo homem”, pode ainda ter roupas velhas. Por isso somos ensinados pelo Espírito Santo a tirarmos as roupas imundas da nossa velha maneira de viver, para vestirmos a nova humanidade em Cristo. Precisamos nos despirmos do velho homem (Ef 4.22), para nos revestir de Jesus Cristo (Rm 13.14). A conversão é acompanhada de uma conversão diária. Um Cristão teve seu coração mudado. É necessário tirar as roupas velhas. Mas quais roupas?

A. Roupa velha da mentira (Ef 4.25)

Se os nascidos de novo pautam sua vida pela verdade, os não regenerados faltam com ela. A mentira é a afirmação oposta aos fatos, falada com o propósito de ludibriar. No geral, a mentira está ligada a comportamentos de trapaças. Neste sentido, não existe pequena mentira ou grande mentira.

Na Bíblia, temos o diabo como o pai da mentira (Jo 8.44). Portanto, os que mentem, são filhos do diabo. Quando falamos a verdade, isto é uma manifestação clara, do poder de Deus em nós. Naqueles que falam a mentira, isto é uma manifestação clara da influência do diabo neles. Os mentirosos, aqueles que são controlados pela mentira, que se furtam com a verdade, não herdarão o reino de Deus (Ap 22.15). Às vezes nos esquecemos do problema de mentir. Isso é tão sério, que o primeiro pecado condenado publicamente na igreja primitiva foi a mentira de Ananias e Safira (At 5.1-11). No corpo de Cristo a mentira é uma ofensa direta ao próprio Deus.

A comunhão é destruída pela mentira, a confiança é destruída pela mentira. A única maneira de combatê-la é pela verdade. Que sejamos verdadeiros e transparentes. Que o nosso sim, seja de fato, sim e o nosso não, seja de fato, não. Sem dubiedades ou obscuridades. Que sejamos guiados pela verdade, nada mais que a verdade.

B. Roupa velha da ira (Ef 4.26-27)

Há dois tipos de raiva: a justa (Ef 4.26) e a injusta (Ef 4.31). O que faz parte do velho homem é a ira que provoca vingança. A raiva de Moisés contra a idolatria é um exemplo clássico de uma ira justa. A raiva de Jesus no templo ao expulsar os cambistas também é o exemplo por excelência desse princípio bíblico. Se Deus odeia o pecado, seu povo também deve odiá-lo. Se o mal desperta sua raiva, também deve despertar a nossa (SI 119.53).

Mas ninguém deve ficar irado se não for contra a pessoa certa, no grau certo, na hora certa, pelo propósito certo e no caminho certo. Há pessoas que são explosivas, que atiram estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas com seu destempero emocional. Não conseguem raciocinar, pois se tornam cegos.

O diabo gosta de ficar espreitando as pessoas ficarem zangadas para tirar proveito da situação. A ira sem causa, como estilo de vida, faz parte da velha roupa.

C. Roupa velha do furto (Ef 4.28)

Deus estabelece o direito de propriedade. O roubo inclui toda sorte de desonestidade que visa tirar do outro aquilo que lhe pertence: pesos, medidas, salários, trabalho, impostos, dízimo etc.  Não basta ao desonesto parar de furtar. Paulo dá mais duas ordens: trabalhar para o sustento próprio e trabalhar para ajudar os outros. Ao invés de ser parasita da sociedade, ser benfeitor!

A filosofia cristã de trabalho é elevada. Um novo estilo de vida do pensamento acerca do que é certo ou correto no “campo econômico” é proposto. Não há lugar para o egoísmo nem motivo para o lucro pessoal prejudicando outros. O roubo, de qualquer forma, é um pecado e não deve ter parte na vida do cristão. Um cristão não só não deve prejudicar ninguém, como também deve esforçar-se continuamente para ajudar aqueles que estão em necessidade.

D. Roupa velha das palavras torpes (Ef 4.29)

O apóstolo volta-se do uso das mãos para o uso da boca. A palavra torpe vem do grego “sapro” (σαπρος),  que se emprega para árvores e frutos podres, peixes podres, etc. São palavras que prejudicam os ouvintes. Um cristão não pode ter uma boca suja (Rm 3.14).

Quando o coração muda, a boca também muda. Nossa comunicação precisa ser positiva:

1) boa;

2) edificante;

3) necessária;

4) transmissora de graça.

Jesus disse que há uma conexão entre o coração e a boca. A boca fala do que o coração está cheio. Também prestaremos conta no dia do juízo por todas as palavras frívolas que proferimos (Mt 12.33-37). Nossa língua pode ser uma fonte de vida ou um instrumento de morte (Tg 3.5-8). Podemos animar as pessoas ou destruí-las com a nossa língua (Pv 12.18). A fala torpe entristece o Espírito.

E. Roupa velha da amargura (Ef 4.31)

Quando estamos vestidos com roupas velhas, roupas da amargura, ressentimos e nos recusamos a reconciliar. Amargura é aquele estado irritado de mente que mantém o homem em perpétua animosidade — que tende a ter opiniões duras e ácidas acerca dos seres humanos e das coisas —, que o torna fechado, irritadiço e repulsivo em seu relacionamento em geral. A amargura trás indignação, irá, gritaria, calúnia e todo tipo de maldade.

Essas atitudes pecaminosas devem ser substituídas pela benignidade, compaixão e perdão. Esse é o modo de andar digno de Deus.

Sola Gratia!

:: Pr. Isaías Fernandes

Fonte:

https://matriz.lagoinha.com/lagoinha-news/88020/renove-seu-guarda-roupa